Papa e Galileu

Estou tendo um desavença com minha própria satisfação por viver. Não uma desavença mínima, como teve o Papa com Galileu (não é minha idéia, mas achei genial), mas algo superior. Ok, confesso uma certa forçassão aqui pra parecer que eu sou o cara mais deprimido e angustiado do mundo, pois sei que não sou, mas quando se quer escrever, isso soa poético. Eu poderia escrever sobre uma doênça que me deixou de cama por 60 dias, mas sei que isso não é verdade, é apenas uma anedota. O que tenho passado, mesmo, é por uma má fase. Bons momentos numa sexta ou numa terça, intercalados por séries quase invariáveis de masoquismo psicológico. Tudo azul, numa nice, daí tudo esverdeando, escurecendo, acizentando e daí preto. Daí, mermão, fodeu. Pode ser amarelo, pode ser branquinha, pode ser seca, queimando ou escorrendo, gelado ou quente. Fodeu, de verdade. A cabeça pede perdão, o fígado clemência, o pulmão socorro, o sépto fala em jurisprudência, o coração em liberdade e as tripas... bem, essas falam de amor. É impulsivo, mas elas falam mesmo. Eu juro que falam. Estão falando agora, em consonância com Miles e com a insônia. Coisa fina. Em quatro horas, a boca seca e os pés frios. Em 18 horas, o crowd e a distração. Aposta quanto em um raio direto no meu bolso durante a noite? Mil libras que ele cai. 2.700 reais em cerveja, meu querido. (O trompete está fluindo de maneira impressionante, intercalando com um piano maestral, acompanhados de um baixo tão circular e suave que faz da bateria um poema dadaísta pouco honesto). Aí a tuba e os violinos voltam a rondar as idéias e ficam alí, rondando, rondando, rondando e rondando. Eu fico aqui, azedando, amargando, secando e me poluíndo. O que dizer do resto de mim? Mi(pi?)careta!