Vejo teu vulto
num horizonte que já não existe mais,
mas que insiste em me olhar
terna e grosseiramente.
E se me perco nesse abismo estúpido,
entre meus pés e tua turva imagem,
entre as pálpebras enfastiadas e o teu sublime,
é porque sou um homem insuficiente. E nunca o quis.
Se por remediação encontro fuga
onde os restos dizem que não me lembrarei de nada depois e,
mesmo assim trago ao espírito o além,
findo por acordar adoecido e longe de mim.
Não vejo nada,
mas acredito te ver em tudo.
E por me arderem as víceras descontroladamente,
fico firme esperando teus pés também tocarem o contínuo do meu chão
- ou quem sabe, por coragem divina,
eu aprenda a voar.
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