quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Do medo da piada


___
Muito além de sua cara
de tédio,
está sua dor.
Sem parcimônia e sem
pudor, ela transmuta:
de peito a coração,
de pé a peito,
de aperto à paixão.

Não há de ser a piada
-se é que entendi o que se entende por piada-,
que vai destroçar
o que resta de destroços,
mas será a azia quem pedirá
clemência, juízo, perdão
e um troco.

Já foi feita a troca
-e trocadinho trocadão-, mas
quebou-se o pacto, e viveu-se
só de 'não'.
E agora querendo fugir de si
e da piada,
finge gostar do que menospreza.
E quase, ao cair da noitinha,
tece uma reza.

E seu humor, que tanto já foi
taxado de putanesco,
agora se rende à piada "interna".
Se rende, se arrasta e pula,
da janela do mundo de quem vê.
Eu sei que não posso, mas queria muito
saber em que crê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário