quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

tarde de outono

A velha parede ao fundo
num imundo verde eterno
imobiliza o desgaste,
o desgosto no rosto
de olhos acidentais na janela,

ressoam melodias
que não se ouvia mais,
se houve mesmo um tempo
em que se ouvissem.

A velha parede ao fundo
espia das janelas caras curiosas.

O mundo imóvel do lado de fora
está assim parado há muito tempo.

Na vastidão dos seus ventos
tudo ressoa o eco oco dos mortais.

E o mundo velho não responde,
nem o jardim florido ao redor da janela,
tão mais próximo e fácil de entender.

A velha parede ao fundo
num imundo verde eterno
imobiliza o desgaste.

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Rodrigo Cardoso de Morais

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