quarta-feira, 13 de abril de 2011

fritando

Com o corpo calado e estendido
sobre lençóis e plumas, incessantes
insinuações,
filhas de fértil imaginação, invadem
o equilíbrio que só
o sono só, pode
trazer. 00:14

Já cambaleando
catedral adentro, com olhos
acesos e temerosos pelos
vitrais,
apoia-se de nave em
nave, evitando
o despencar de sua meia dúzia
de metros, delicadamente
naturais.

Sons de telhas trincando e estalos
amadeirados
assustam. 01:25
Volta-se à
escuridão e às sutis pinceladas
de luz
que atravessam as janelas.

Taquaras sônicas se arrastam pelas avenidas
próximas e pescam
novamente o
desespero.

02:37
Passa, passa, passa e o
tostado do
café ainda lhe amarra
a garganta
em arrependimento. Terá de
repetir
o gesto para suportar a vida
que lhe reclama os afazeres. Se ao menos
a calma
fosse companhia.

Rodando pela estrada municipal
à 190 quilometros por
hora, nem
viu chegar a curva
e lentamente foram estouradas
latarias e costelas.
Aglomeraram-se ao redor e culparam
sem dó.

Puxa a perna e
coça. 03:27 "Pulga do caralho!"
Imagina-se cercado de
amigos
em uma grande festa em sua
nova casa, comprada sem
o menor esforço. Barris e
mais barris. Inesgotáveis
barris de cerveja! Se ao
menos
tirasse a sorte grane.

Já se decidia por correr
quando
resolveu revidar. A mão
mole
não
servia.
Aos poucos o rosto amolecia, mas
nada parecia mudar. Sangue e ainda
assim
tudo igual.

Alguém toma banho após
o provável deleite
em seio alheio.
04:31
Que delícia seria,
uma vez só que
fosse,
novamente, a facilidade sem pudores que
amansa o espírito.

Caleidoscopia e um precipício
sem fim.

06:56 e as paredes, todas,
já azularam. Nunca, nunca
o sonho é
atropelado por britadeiras que
revertem-se em
despertador. Sempre,
sempre os quatro
minutos
perdidos e que
tanta falta fazem ao
longo
do dia.

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