No fundo, no fundo, é a busca de um mote que me retoma o mesmo tema. Sei que preciso escrever, pois esse é um dos caminhos pra extirpar o inútil que me sobra pela falta; mas é preciso, pois não sou senhor das letras, forçar o argumento. Uma dose, um tiro, uma aflição. O homem que se afoga porque gosta é justamente esse: o que precisa.
É a escuridão da janela, refletindo
meu oposto, que me põe
à clareza de algumas enevoadas ideias.
Está exatamente após o
vidro
que sou -e assim também é a janela-,
o concreto que se esconde
de meu tão orgulhoso
vazio.
“Cara, larga mão dessa porra!”
Sem chance. O teto de vidro,
que não pelo inebriante, mas
puro em paixões tão tolinhas e de raízes
tão titânicas –tirânicas é claro!-,
força minha vista à lua
e foca coelhos e dragões quando,
sabiamente,
a vida havia se criado aqui, coladinha, em rebolados
e sorrisos que me aterrorizam.
Por vezes me resolvo e coloco os óculos.
LUZ BAIXA AO CRUZAR OUTROS VEÍCULOS, diz
o primeiro
aviso. Me esforço em obedecer, mas
lembro que o motorista
não sou eu. Obedeço então apenas
ao torcer.
O mundo, que até ali estava suave por
nuances coloridas de
transição tão tênue quanto os corações
que não entendem as brisas
das décadas, mostra-se rijo
e com escapamentos repletos de fuligem,
enegrecendo os tão cândidos poros
dos seios que clamam
por caronas e trocados nos trevos –e que tão belos seriam se estivessem
sumidos na noite por pureza
de irmã melanina-, forjando lâminas
afoitas por sodomizar
os sonhos das noites
de janelas confusas.
Retirar estas lentes, de fria sílica e bestial
finalidade (ver o mundo em seus detalhes!),
é verdade biunívoca com
acalmar a cabeça congestionada e,
enfim, viajar dentro de caminhões
que vão ao nada,
partindo de certezas,
pois só assim poderão se superar.
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