Nessa hora me vejo cercado de
certezas: um caso acertado, um trabalho rentável, viagens marcadas, línguas que
em breve estarão ali, sentadas em minha boca, sorrisos de satisfação por tanto
que ainda não sei o que contém de verdade. A questão, de fato, é que pouco
importa: há algo de sublime –tão sublime que perdido no tempo– nisso que me
toca o espírito; algo de tesão nisso que me é ideia fixa, ideia acertada, ideia
futura por acerto de dias tão pouco passado. Nessa hora sinto-me tocado pela
morte, que me diz em sussurros compassados de bop-paixão: “vês, finalmente, a vida? Aproveitais enfim o que lhe
tomaram nestes anos. Confessas-te a esta mulher. Assumais o sumo de vida que
crês fato futuro com tal bela dama.” Está certa a morte: faltou-me vida, que agora
encontro em vivas sensações de breve memória recente.
Ah! A vida! É disto então que
dizem ser o sangue quente, de não ódio que tanto sorrir. É deste sentir que
faz-se querer mais de si, do próprio sangue com a pele alheia, em vida nova de
um dia quem sabe. É (afirmação corajosa) você.
Cadência de teclas tomam o tempo que
escorre pela saudade, mas há valor naquilo que é criação divina. Há sempre
valor no divino. Há valor no platônico. Há nós nisso que é de vazio no espaço
ocupado por um oceano. Somos tanto nisso que a desverdade de ser e estar nos exige provação. Estamos tanto por nós
mesmos. Enxergo sem titubear: acertamos, meu amor.
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