sexta-feira, 30 de março de 2012

sobre meu amor


Nessa hora me vejo cercado de certezas: um caso acertado, um trabalho rentável, viagens marcadas, línguas que em breve estarão ali, sentadas em minha boca, sorrisos de satisfação por tanto que ainda não sei o que contém de verdade. A questão, de fato, é que pouco importa: há algo de sublime –tão sublime que perdido no tempo– nisso que me toca o espírito; algo de tesão nisso que me é ideia fixa, ideia acertada, ideia futura por acerto de dias tão pouco passado. Nessa hora sinto-me tocado pela morte, que me diz em sussurros compassados de bop-paixão: “vês, finalmente, a vida? Aproveitais enfim o que lhe tomaram nestes anos. Confessas-te a esta mulher. Assumais o sumo de vida que crês fato futuro com tal bela dama.”  Está certa a morte: faltou-me vida, que agora encontro em vivas sensações de breve memória recente.
Ah! A vida! É disto então que dizem ser o sangue quente, de não ódio que tanto sorrir. É deste sentir que faz-se querer mais de si, do próprio sangue com a pele alheia, em vida nova de um dia quem sabe. É (afirmação corajosa) você.
Cadência de teclas tomam o tempo que escorre pela saudade, mas há valor naquilo que é criação divina. Há sempre valor no divino. Há valor no platônico. Há nós nisso que é de vazio no espaço ocupado por um oceano. Somos tanto nisso que a desverdade de ser e estar nos exige provação. Estamos tanto por nós mesmos. Enxergo sem titubear: acertamos, meu amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário