terça-feira, 3 de setembro de 2013

do porquê Luiz Felipe Pondé (não) é necessário

Toda segunda feira, religiosamente, leitores das colunas de opinião do jornal Folha de São Paulo se dividem energicamente entre torcidas sólidas. Divididos os grupos do politicamente correto(?) e do politicamente incorreto(?), travam-se debates cegos e pantanosos que correrão ao longo da semana, sublimando com o sol de domingo. Eis o fruto do trabalho do doutor em filosofia Luiz Felipe Pondé.

Professor em duas universidades particulares de São Paulo, Pondé, valendo-se de seu pós-doutorado em Tel-Aviv e da publicação do "sucesso de vendas" Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, angariou para si a disputadíssima coluna de segunda feira, responsável por criar as polêmicas necessárias à tiragem diária dos jornais de grande circulação. Sem falhar uma semana, pulam de suas linhas comentários imediatamente vagos e violentos contra minorias, políticas de afirmação, PT e, sobretudo, aos moralistas da imoralidade.

Há dias em que faz questão de defender o papel de objeto sexual das mulheres, que o feminismo tenta há décadas desmontar; há outros onde esclarece sua predileção pela marca de produtos de luxo Dior em detrimento da reprodução iconográfica do "assassino" Che Guevara; há o dia em que prefere falar sobre a condição a priori do mau-caratismo dos criminosos; melhores os dias em que justifica o programa de espionagem internacional dos EUA e o vasculhar das bolsas das empregadas atrás de um roubado pacote de carne porque, simples assim, é como funciona o mundo; hoje defendeu os médicos brasileiros com a certeza "de os médicos cubanos serem mal formados", assim como tudo na ilha caribenha, "com exceção dos charutos", e de ser o governo federal brasileiro baseado em retórica "fascista e comunista", assim, numa tacada só.

Opiniões que deixam muitos perplexos e atônitos, reverberam em outros com o sentimento necessário: paixão. A paixão, larga medida, vende. E vende bem. A tragédia, o absurdo, o polêmico, nada disso é novo ao jornalismo. A sutil diferença -e que, há de se convir, nem é novidade- é que agora possui diploma. Respaldo científico. "Formado na FFLCH, do que os comuna tão reclamando?"

Dentro do jornal, há uma outra engrenagem operando concomitante: a circularidade semanal. Todo domingo, historicamente, é publicada a edição mais bem trabalhada do impresso, concatenando todos os principais assuntos tratados na semana, encerrando um período bem delimitado de informações e abrindo as portas para as novidades que a segunda feira, agora como folha em branco, irá trazer. Esta, por sua vez, tem de ter energia o bastante para alavancar conteúdo para toda uma semana, até o encerramento no domingo seguinte. O expediente editorial, além da rotina diária, é cíclico semanalmente.

O (bem pago) papel assumido pelo articulista é, assim, necessário. Compramos a briga pela petulância, seja da crítica ou do criticado. Compramos, antes de tudo, o jornal.

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