Os pequenos gatos sujos que vivem -rodando e
rodando- nas engenhosas
entranhas de velhos relógios de
pêndulo, pregam suas peças
em qualquer
tolo
que tente uma piadinha ao empurrar
a haste que nunca para,
tentando acelerar o tempo, como se
este existisse em si mesmo e fosse,
de um modo qualquer, chegar no
futuro presente
antes do previsto.
“Há! Há! Há!” Gargalham os gatos, olhando de cima
aquela piada indesejada. “Não se cansa,
né bonitão?”
Eu -o próprio tolo- sigo os ponteiros e
não entendo
como eles podem falar. As vozes permanecem
vindo de dentro.
“Já notou o estado de teus sapatos?” Meus pés,
sujos, arrastam um velho par de tênis
comido
pelo tempo. Levo-os por gratidão e
paixão, pois tanto já me carregaram
e nunca deixei isto escapar. “Do pó vieste...”
A sola se desfez não há pouco
tempo; os cadarços, rotos e desamarrados, são meu tropeço;
a lona solta longos fios, misturando-se
à terra e à sola e aos cadarços, esquecendo
meus pés, meu cheiro e minha atenção.
“Hoy! Hoy! Hoy! Um brinde a Lavoisier!”
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário