segunda-feira, 13 de junho de 2011

sobre empurrar com a barriga

Ela disse sim, mas não entendeu bem
a pergunta.
E assim milênios se passaram: ela sem entender
a pergunta e eu acreditando saber
a resposta.
No verão, quando já escapavam pelos
bueiros os sujos confetes esquecidos
pelos foliões e as cinzas
caiam ácidas sobre
a marquise, os deuses passaram
a régua:
“Oh! Sim!”
“Oh! Não!”
E de um surto de incompreensão brotou
certa certeza de que houve um
engano, um
pequeno desvio de curso.
Acordei duzentos anos depois com
alguém, em meus ouvidos, suplicando em sussurros
para que eu acordasse.
“Sim.”
Não entendi a pergunta, confesso, mas
espero que tenham entendido
a resposta.

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