Não sei se pelo vinho, pela hora ou pelo constante apito de ré de caminhão -duvido muito que a comida, apesar de ruim, tenha parte nisso-, mas minha cabeça dói. Eu, que sempre me invejei por não ter dessas coisas, desfruto agora uma deliciosa pressão no cérebro às quase quatro horas da manhã.
Pensei em abrir um conto já lido do Graciliano, mas acho que isso não me ajudaria. Cheguei a apagar o abajur e enfiar a cara no travesseiro, mas a essa hora alguns pássaros imbecis já resolveram dar as caras e não colaboram com a desgraça alheia. Fui ao banheiro, conversei com os gatos, comi o resto da comida ruim e blasfemei meu dedo podre, mas do sono nem fiquei sabendo. A única coisa que sei, pra falar a verdade, é que minha cabeça lateja e que um filho da puta de um caminhão está dando ré há duas horas e meia.
Resolvi, então, escrever qualquer coisa. Pensei em escrever sobre minha ex-namorada, sobre minha mãe, sobre alguns amigos ou algumas amigas. Pensei em escrever sobre algumas pessoas em especial. Cogitei até escrever sobre azeitonas. Nada feito. Melhor escrever então sobre minha dor de cabeça. Coloquei até uma musiquinha pra ajudar. “Ajudar o que, ô energúmeno?” Sei lá, Jim Morrison sempre ajuda. Pro bem da verdade, ele tem ajudado mais que Ele.
Então vamos lá, dor de cabeça: sei que estou com dor de cabeça porque ela (a cabeça) está um pouco pesada e porque quando balanço-a -e essa é uma mania infeliz que tenho-, ela dói pacas. Mas... fora isso, não sei mais o que falar sobre minha dor de cabeça. Melhor não falar disso também, então. Quem sabe se eu escrever sobre lutas, já que essa noite isso está em alta? Eu poderia escrever alguma coisa sobre o boxe que treinei, mas como nunca fui com a cara na lona -tampouco mandei alguém lá-, talvez me falte cacife pra isso. Judô e capoeira não sei o que são há muitos anos. Poderia escrever sobre minha luta contra a depressão, claro, mas histórias sobre fracassados estão aos montes nas bancas de jornal e não precisam, evidentemente, da minha contribuição.
Talvez o melhor mesmo seja afundar de novo a cara no travesseiro, fingir que a encheção de saco dos pássaros não é pessoal e contar apitos de ré de caminhão até eu pegar no sono ou, mais provável, até meu corpo não aguentar mais ficar esticado nesse velho colchão.
Ao menos sei que estou vivo. Afinal, estamos ao que viemos, não?
Pensei em abrir um conto já lido do Graciliano, mas acho que isso não me ajudaria. Cheguei a apagar o abajur e enfiar a cara no travesseiro, mas a essa hora alguns pássaros imbecis já resolveram dar as caras e não colaboram com a desgraça alheia. Fui ao banheiro, conversei com os gatos, comi o resto da comida ruim e blasfemei meu dedo podre, mas do sono nem fiquei sabendo. A única coisa que sei, pra falar a verdade, é que minha cabeça lateja e que um filho da puta de um caminhão está dando ré há duas horas e meia.
Resolvi, então, escrever qualquer coisa. Pensei em escrever sobre minha ex-namorada, sobre minha mãe, sobre alguns amigos ou algumas amigas. Pensei em escrever sobre algumas pessoas em especial. Cogitei até escrever sobre azeitonas. Nada feito. Melhor escrever então sobre minha dor de cabeça. Coloquei até uma musiquinha pra ajudar. “Ajudar o que, ô energúmeno?” Sei lá, Jim Morrison sempre ajuda. Pro bem da verdade, ele tem ajudado mais que Ele.
Então vamos lá, dor de cabeça: sei que estou com dor de cabeça porque ela (a cabeça) está um pouco pesada e porque quando balanço-a -e essa é uma mania infeliz que tenho-, ela dói pacas. Mas... fora isso, não sei mais o que falar sobre minha dor de cabeça. Melhor não falar disso também, então. Quem sabe se eu escrever sobre lutas, já que essa noite isso está em alta? Eu poderia escrever alguma coisa sobre o boxe que treinei, mas como nunca fui com a cara na lona -tampouco mandei alguém lá-, talvez me falte cacife pra isso. Judô e capoeira não sei o que são há muitos anos. Poderia escrever sobre minha luta contra a depressão, claro, mas histórias sobre fracassados estão aos montes nas bancas de jornal e não precisam, evidentemente, da minha contribuição.
Talvez o melhor mesmo seja afundar de novo a cara no travesseiro, fingir que a encheção de saco dos pássaros não é pessoal e contar apitos de ré de caminhão até eu pegar no sono ou, mais provável, até meu corpo não aguentar mais ficar esticado nesse velho colchão.
Ao menos sei que estou vivo. Afinal, estamos ao que viemos, não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário