sábado, 15 de outubro de 2011

dos galgos mudos ou algo assim


 Os galgos todos foram banhados e perfumados para a noite de gala. Somente após a sessão de degola, apesar, é que teriam vez na mesa de jantar. Tantos preparativos e mimos aos pelos, que os guardas esqueceram o café no fogo que, por pouco, não assa, vira pó e insiste em sublimar. Os pescoços, esses menos mal, tiniram na navalha mais depressa que ânsia de moleque ante Marilyn.
 - Ora, ora, ora! Mas veja o que temos aqui!
 Bradou sob as toscas barbas o filho de Epíruco.
 - Nada além de engano e urbanismo. É ou não o ego, cuspido e escarrado, de nossos beats mais apodrecidos? Há! Há! Há! Tão rápido que o choro não encanta nem valsa de debutante.
 De fato, o apelo criado nas cercanias daquele ritual não agradava a todos. Menos ainda a ninguém. É que o sonho de horizonte dos sujeitos não existe sem ser limite: céu e mar, noite e cidade. Vai ao infinito com tangências de grilhão. Ao menos (menos?) sabe que de vidro não o teto, mas talvez -talvezinho, de leve, depois do almoço, enquanto sonha sozinho na sombra da mexeriqueira- a sanidade. Ele -e aqui o pretenso existente leitor há de desculpar o pulo de apresentação dessa suposta personagem- nem sabe de seu cheiro, de seu peso, de seus vícios, de suas degolas. Vive o alfa de uma fêmea em polvorosa.
 - Oh! Bastião, estás bem?
 Graceja honesta questão, a Razão.
 - Tanto quanto vós, carne violada. Vivo meu momento e ele é eterno em seu Saturno.
 Responde sorrindo, dentro e fora, o delicado.

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