Na madrugada, todos os
sons são
singulares; há o
particular e nada
se mistura:
o motorista que perde o
controle,
o cachorro, o homem que
bate
em sua mulher,
o lixeiro, as navalhas,
as putas,
garrafas partidas,
corações
partidos, guardas de
rua,
os secos estampidos, os
loucos,
os fogos de fim de ano:
tudo isso me enjoa,
de tão humano.
Todas as aflições,
todos os
cigarros acesos, todos
os estupros:
tudo é acessível pela
mente, mas
ninguém está lá.
A saudade não encontra
apoio,
torna-se angústia.
Vemo-nos vivos demais,
pois
nos cobrimos
de morte.
Não importa mais seu
sono:
encarar a si mesmo
mata,
ao poucos,
cada noite, cada dia,
mais.
Somos assim humanos e,
só
por isso, celebramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário