sábado, 18 de agosto de 2012

do longo barco de um dia só


Ainda deformados por
recente corpo, colchões
mareiam
a saudade.
Longo o dia passado apartado
do cuidar. Cuidar de si, bem
dito, há-se também
no outro.
Tranco-me por simpatia ao
isolamento necessário, mas
recuso plenitude quando
cada ponto
pede mais. Mais um. Mais
todos
os que me der.
Mais todos os que topar
trocar.

***

Meu pobre amigo olhou desconfiado
quando do despertar
prematuro: "Que há? É comigo?"
Nem contigo, nem comigo: hoje é
para os outros.
Sorte tive nem. Foi-se sem caber-me.
Fiz-me masculinizado
e arqueei o lombo de mãos
no bolso,
catando moedas, chutando latas.
Dormi tão mau que de sono acordo pesadelado,
sonhando nunca ter
então dormido.
E dia que passa assim, acordado
no azar, passa reto
de nem ter sido feto.

***

Limpo, respiro fundo os
desajeitos das outras convivências
comunais: panela sumida.
Comida de menos,
bicicletas demais.
Meditação de menos,
riscos demais.

***

Rogo, em corpo de fundo
de rompidas formações,
por calma.
Insistir no que é
tendo sido e hoje
transmutado em
querer-me bem é
tontisse sobressalente.
De tanto tentar esquecer,
fiz-me lembrar
do que nem sabia.
É assim, cavando o nada que
enchemo-nos de pouco
que adianta em ré para o futuro.
Sei que disso não ficará além
de garoa seca, pois
ganhei bem
sorrisos demais
de meu bem.

***

Encerrar, enfim, a espera com
amor.

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