segunda-feira, 29 de outubro de 2012

de não entender por não saber de onde vem


Começou mal quando machucou a própria mão ao socar a mesa, tentando explodir o choro que não vinha. Envergonhou-se de sua fraqueza e implodiu em fúria silenciosa. Era tudo o que poderia dar de si naquele momento: num sobressalto da demência, transpôs sua mudez ao corpo e fatigou o ânimo, numa falta de proposição resolutiva óbvia. Daí que enclausurado meteu a respiração em linha assíncrona e já nem sabia mais por onde tinha começado.

Ora, que nos autos éticos de seu amor aquilo era impensado -não errado, nem indevido, mas fora de questão-, ficou claro. Porém, então, o quê? Ensimesmou-se encapuzado da calma até no banho, amargando o enxágue inútil de corpo ainda sujo e a vitória do instinto débil.

Estava -achou- tão só e desprotegido, que o óbvio esquinou com egoísmo e ingenuidade, crendo que havia ali vice-versação de menos. Colocou-se num prisma conjugal que nem sequer imaginava existir, mas que marulhava em tantas formas indistinguíveis de seu outro lado, e findou sem entender-se.

“Vermelhidão do corpo, erro pois
vi além do real ou,
apenas, malquisto cérebro mal enviesado
e alertado imbecilmente, disparatando
tantos absurdos inomináveis pra,
nem menos nem muito menos mais,
agitar as saudades mal levadas
de tanto morrer entre quatro paredes?”

Nem mesmo colocou o ponto na interrogação, os olhos de vermelha confusão já haviam fechado aos horrores criados por falta de tato, sonhando com gatos que não se molham e mãos sempre juntas.

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